Performances

Estréia

2017

Uwanary Tendawa

Apresentações

“A performance Uwanary tendawa, que significa “força de guerreiro” na língua karapãna, foi a primeira montagem do grupo Tabihuni com indígenas em cena. Essa proposta de trabalhar diretamente com os indígenas nasce diante da preocupação do grupo em abraçar as demandas advindas das necessidades reais dos próprios indígenas – dessa forma, nos diálogos com os movimentos e reuniões sobre demarcações de terra, surge a proposta de criação do Uwanary tendawa, peça que narra as várias desapropriações sofridas pelos indígenas decorrentes da especulação imobiliária. A montagem conta com a participação de indígenas de diversas etnias, moradores da aldeia Parque das Tribos, situada região urbana da cidade de Manaus que já dispõe de um histórico de desapropriações.

Estávamos montando o espetáculo Uwanary tendawa (Figura 1) quando propus: “chegou o momento do trabalho em que montarão as cenas de acordo com a cultura de vocês”. Não demorou muito, eles começaram a brigar entre si, porque uma indígena da etnia Witoto dizia: “a gente vai dançar assim essa música”, e os Tikunas retrucavam: “não, porque não dançamos assim”. Do outro lado, os Karapãnas ficavam observando e comentavam entre eles: “eles acham que sabem dançar melhor do que a gente porque falam a língua”, enquanto eu pensava: “são noções de corpo completamente diferentes uma da outra. Talvez, se não fosse a cidade, esses corpos jamais se encontrariam para dançar juntos”. Por conseguinte, chegamos à conclusão de que o formato de montagem cênica padrão que aprendemos nas escolas de teatro não servia para trabalhar com os povos indígenas – marcações, textos decorados, movimentos preestabelecidos, representação, roteiro demarcado com início, meio e fim… Esses são direcionamentos que escapam completamente da lógica de existência dos indígenas.” Trecho do artigo “Oficinas de Floresta: Tupi or not Tupi, that is the question” - de Luiz Davi Vieira Gonçalves, publicado na Revista Sala Preta vol. 20. N.2. 2020.

Na intervenção Uwánary Tendawa visamos demonstrar que o exercício poético pode ser construído junto com os povos tradicionais, alcançando o desejo de luta pela causa ameríndia, principalmente por reconhecimento e direitos na realidade urbana. Uwánary Tendawa – casa de guerreiro, nome escolhido pelos indígenas do elenco para demonstrar ao público a realidade vivida pelos indígenas em contexto urbano da cidade de Manaus e causar reflexão sobre essa realidade no Brasil.

Sinopse: Um desejo de doação, de dar-se de entregar-se. Do ventre da terra lutamos pelo que somos, pelo que sempre fomos e sempre seremos. Lutamos por espaço, por atenção ou pela sede de liberdade, porque queremos voz. Somos, seres deslocados, diferentes, estranhos e estrangeiros? A gente não era índio... É a inevitável dúvida que passeia de fora para dentro. Entre corpo e alma, Somos Todos Seres Humanos: somos índios!!!!

Ficha Técnica

Texto: Humberto Issao
Direção: Luiz Davi
Corpo: Demmy Souza
Elenco:Jeferson Bastos, Tom Brasil, Jôce Mendes, Robson Ney, Vanessa Bordim, Leandro Lopes, Dionatha Braga Apurinâ, Leonardo Braga Apurinã, Shirley Tomas Baré, Claudia Baré, Elizete Tikuna, Delcilene Juvito Tikuna, Joilson Karapãna, Vanda Witoto, Lutana Kokama, Cacique Messias Kokama
Assistência de produção: Maryellle Morais Ferreira
Censura: 18 anos
Tempo de apresentação: 40 minutos